CAPELA DA SANTA CASA DE MAUÁ RECEBE ORQUESTRA EM EVENTO NATALINO
Para comemorar o aniversário da cidade de Mauá e antecipar as festividades natalinas, a Santa Casa de Mauá receberá na sexta-feira (14 de dezembro) às 15 horas, a Orquestra Locomotiva na capela Cristo Rei, localizada dentro de suas instalações.
Sob regência do maestro Robert Reis, 35 músicos tocarão um variado repertório para a plateia, formada por colaboradores, pacientes, autoridades e convidados da instituição médica. A Orquestra Locomotiva é uma organização sem fins lucrativos que assiste, por meio do ensino da música no contraturno escolar, jovens de 7 a 17 anos em locais de alta vulnerabilidade social da Região do Grande ABC.
Segundo Harry Horst Walendy Filho, superintendente da Santa Casa de Mauá, a capela foi escolhida como cenário da apresentação musical em razão da sua beleza e riqueza histórica e cultural, além de estar completando um ano de seu tombamento. O local abriga raros afrescos do pintor Emeric Marcier, artista plástico romeno, refugiado no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial.
São 23 afrescos de Emeric Marcier, alguns pintados a óleo e outros em têmpera. Os painéis ocupam todas as paredes e o teto da capela, cujo trabalho levou dois anos para ser concluído. Ele começou a pintar a capela em 1943 e no conjunto de afrescos, o artista representou passagens bíblicas, entre elas, a ascensão de Jesus Cristo, a Torre de Babel, os sacrifícios ao bezerro de ouro e a divisão do Mar Vermelho. Marcier dizia que a capela não tinha arquitetura, mas o complexo da Santa Casa é um dos poucos exemplares com influência da arquitetura gótica na cidade de Mauá.
Sobre o artista: Emeric Marcier nasceu em 1916, em Cluj, fronteira com a Hungria. Concluiu os estudos na Escola de Belas Artes Brera, de Milão, em 1938. Veio ao Brasil no início da década de 40, casando-se com a filha de um brigadeiro. De acordo com o livro autobiográfico Deportado para a Vida, residia no Rio de Janeiro havia três anos quando foi convidado a decorar a igrejinha. Em princípio recusou a proposta de trabalhar gratuitamente para os padres. Casado e com dois filhos, a arte era seu sustento.
Um tempo depois decidiu aceitar. Uma das condições impostas foi a retirada dos vitrais da capela para que houvesse mais espaço para os painéis. Marcier pintava dia e noite, mas preferia o trabalho noturno, iluminado apenas por velas. Após a guerra e com o início da ditadura brasileira, Marcier dividiu-se entre Brasil e França e em 1990 faleceu em Paris, aos 94 anos.